Há almas que se encontram
como chaves esquecidas em bolsos antigos,
esperando pelas fechaduras certas.
E quando se encaixam —
sem forçar, sem pressa —
não é mágica, é verdade.
Uma alma gêmea
não é espelho,
é abrigo.
É quem destranca o que o mundo trancou,
quem entende o silêncio antes da palavra,
quem toca com cuidado onde tudo já foi dor.
É alguém cujas chaves
abrem portas que nem sabíamos existir.
E, no abrir de cada tranca,
surge o que temos de mais puro,
o eu mais nu,
mais leve,
mais inteiro.
Amar assim é despir-se de medo,
é ser sem máscara,
é confiar a própria essência
a quem não quer moldar,
mas acolher.
Cada um descobre a beleza escondida no outro,
como quem encontra flores
onde antes só havia terra seca.
E então, não somos mais dois,
mas dois inteiros que se revelam.
Chave e fechadura.
Caminho e descanso.
Amor e liberdade.
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