A vida é uma linha que se apaga,
devagar,
como o rastro do giz
num quadro esquecido,
como o sopro do vento
numa vela cansada.
A gente nasce traçando retas,
faz planos em curvas,
desenha futuros com lápis
de ponta fina.
Mas o tempo,
esse artista invisível,
vai apagando os contornos
com mãos delicadas.
Algumas marcas resistem,
outras somem sem alarde.
Há traços que doem,
há riscos que libertam.
E tudo o que somos
fica entre o que escrevemos
e o que o tempo levou.
A vida é essa linha —
rara, tênue, breve.
E mesmo sabendo do fim,
a gente continua rabiscando,
insistindo em escrever
poemas no pó.
Porque o que vale, no fundo,
não é o quanto dura o traço,
mas o quanto de amor
foi deixado no papel.
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