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quarta-feira, 25 de junho de 2025

📈A Vida é uma linha que se apaga

A vida é uma linha que se apaga,

devagar,

como o rastro do giz

num quadro esquecido,

como o sopro do vento

numa vela cansada.

 

A gente nasce traçando retas,

faz planos em curvas,

desenha futuros com lápis

de ponta fina.

Mas o tempo,

esse artista invisível,

vai apagando os contornos

com mãos delicadas.

 

Algumas marcas resistem,

outras somem sem alarde.

Há traços que doem,

há riscos que libertam.

E tudo o que somos

fica entre o que escrevemos

e o que o tempo levou.

 

A vida é essa linha —

rara, tênue, breve.

E mesmo sabendo do fim,

a gente continua rabiscando,

insistindo em escrever

poemas no pó.

 

Porque o que vale, no fundo,

não é o quanto dura o traço,

mas o quanto de amor

foi deixado no papel.

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