Nem todo cansaço vem do que se faz — alguns vêm do que (ou de quem) se suporta.
A gente passa boa parte da vida aprendendo a conviver. Mas ninguém nos prepara para aquelas presenças que sugam, esgotam, drenam a energia emocional como se fossem um trabalho em área contaminada. Deveríamos, sim, receber adicional de insalubridade por lidar com certos comportamentos: a manipulação disfarçada de carinho, o egoísmo travestido de sinceridade, a crítica que fere e não constrói.
É como trabalhar sem máscara em ambiente tóxico.
Cada palavra atravessada, cada jogo de poder velado, cada ironia camuflada de piada vai contaminando — um pouco por dia — nosso equilíbrio emocional.
Mas talvez o mais cruel seja quando nos culpamos por sentir esse desgaste. Afinal, “é só uma pessoa difícil”, dizem.
Mas ninguém mede o que é “difícil” quando a alma está no limite.
Conviver não é fácil.
Mas conviver com quem nunca olha para o outro com empatia, com quem se alimenta de conflito, de drama e de controle… é exaustivo demais pra passar batido.
É por isso que o cuidado emocional também precisa ser um direito.
Se a saúde mental é tão vital quanto a física, por que ainda tratamos certos abusos como “mimimi” ou “coisa da sua cabeça”?
Não é fraqueza se afastar.
É sobrevivência.
E, se o mundo fosse mais justo, quem insiste em ser um ambiente tóxico pagaria multa.
Ou, no mínimo, o nosso adicional de insalubridade.
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