Chega um momento na vida em que a gente simplesmente cansa. Mas não é aquele cansaço físico que se resolve com uma boa noite de sono. É outro. Mais fundo. Um cansaço da alma de tanto tentar resolver o que não é nosso, entender o que não tem explicação, insistir no que já disse “não” de mil maneiras silenciosas.
Foi nesse ponto que eu percebi: minha vida começou a melhorar quando aprendi a dizer, em silêncio ou em voz alta, aquela frase libertadora — “eu tenho mais o que fazer”.
Ela não veio de um livro de autoajuda, nem de um conselho sábio de alguém mais velho. Veio da exaustão. Veio depois de perder horas remoendo palavras atravessadas, tentando interpretar silêncios que não diziam nada, gastando energia com quem não queria ser alcançado. Veio do fundo da paciência esgotada.
Porque, veja bem, a vida não para para esperar a gente entender o que os outros não conseguem ou não querem explicar. Ela segue. E se a gente não se dá conta, fica parado, vivendo em torno de dores que não são nossas, histórias que não nos pertencem, expectativas que nunca foram nossas para começar.
Aprender a dizer “eu tenho mais o que fazer” não é frieza. É autocuidado. É saber priorizar o que realmente faz sentido. É colocar a própria paz no centro. Não é ignorar os outros, é só não se perder neles.
Hoje, quando percebo que uma conversa vai virar labirinto, que uma relação exige mais do que me faz bem, que um problema não me cabe resolver — eu respiro fundo e digo: “eu tenho mais o que fazer”. E vou cuidar da minha vida. Do meu tempo. Do meu silêncio. Da minha saúde emocional.
Porque, no fim das contas, é isso: eu tenho mais o que fazer do que tentar agradar quem nunca se satisfaz, entender quem vive em neblina, lutar onde não há batalha justa. Tenho mais o que fazer do que alimentar culpas que não são minhas ou justificar escolhas que foram feitas com todo o cuidado do mundo.
E, curiosamente, é nesse ponto que tudo melhora. Quando você escolhe não se perder para tentar se encaixar. Quando aprende que viver em paz vale mais do que vencer discussões inúteis. Quando entende que a vida é breve demais para gastar com o que não edifica.
Então, se alguém perguntar qual foi o segredo da virada, diga com um sorriso:
“Eu apenas aprendi que eu tenho mais o que fazer.”
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