Às vezes, o que mais queremos
não é conselho,
nem resposta,
nem solução.
É apenas ser ouvidos
com alma inteira
e presença gentil.
Um silêncio que não pesa,
mas acolhe.
Um olhar que não apressa,
mas compreende.
Ouvidos que não cortam a fala,
nem desviam para os ponteiros do relógio
ou para as telas sempre famintas de atenção.
Que tempo é esse,
em que falamos tanto
mas escutamos tão pouco?
Em que os lábios se movem sem pausa
e os corações permanecem calados?
Ah, como faz falta
uma escuta sem julgamento,
um ombro que não se esquiva,
um “estou aqui” que não precise ser dito
porque já é sentido.
Porque ouvir, de verdade,
é um gesto raro.
É toque sem mão,
abrigo sem parede,
cura sem remédio.
E quem sabe,
no meio do ruído do mundo,
a gente aprenda, enfim,
a ser abrigo um do outro —
no silêncio que escuta,
na pausa que ama.
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