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quarta-feira, 25 de junho de 2025

⚠️O Silêncio que Escolhe Cuidar

Nem todo silêncio é ausência. Às vezes, é escolha. Escolha difícil, madura, doída — mas necessária. Porque há momentos em que as palavras, por mais verdadeiras que sejam, carregam gumes. E quem sabe o peso que uma frase pode ter, aprende a dosar, a guardar, a esperar.

Silenciar, nesses casos, não é fugir. É proteger. É um gesto de cuidado com o outro e com a própria consciência. É reconhecer que nem toda mágoa precisa ser escancarada, nem toda raiva precisa virar discurso. É perceber que há verdades que, ditas no calor da dor, perdem a chance de curar e só machucam ainda mais.

O silêncio que Rousseau menciona não é o da covardia, mas o da compaixão. É o de quem sabe que, naquele instante, a sua vontade de falar deve ceder lugar ao respeito pelo que o outro ainda não pode ouvir. É o silêncio de quem mede as palavras com o coração e não com o orgulho.

E, muitas vezes, é nesse silêncio que amadurecemos. Porque aprender a calar, quando o grito parece inevitável, é prova de domínio próprio. E quem já precisou engolir palavras afiadas para não ferir, sabe o quanto custa. Mas também sabe o quanto vale.

Silenciar, portanto, nem sempre é perder. Às vezes, é ganhar a chance de preservar vínculos. De manter a dignidade. De evitar uma ferida que talvez nunca cicatrizasse.

Só entende o valor do silêncio quem já teve em mãos a escolha de falar e, mesmo assim, decidiu cuidar. Porque amar também é isso: saber quando dizer… e, mais ainda, saber quando não.

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