Vivemos numa pressa sem nome, como se houvesse um prêmio para quem chega primeiro — aonde, ninguém sabe ao certo. Corremos para crescer, para alcançar, para conquistar, para mostrar. Contamos os dias como quem elimina obstáculos. Como se a vida fosse uma linha de chegada, e não um caminho com paisagens que merecem ser contempladas.
Mas a vida, essa velha sábia que insiste em nos ensinar devagar, não se deixa apressar. Ela tem o próprio ritmo, mais próximo do pulsar do coração do que do ponteiro do relógio. A infância tem seu tempo de descoberta. A juventude, o tempo da inquietação. A maturidade, o tempo do entendimento. E a velhice, o tempo da sabedoria. Que graça há em viver tudo isso correndo?
A gente não percebe, mas ao desejar o próximo momento, despreza o presente. Ao contar os dias para o fim de algo — uma fase, um trabalho, um relacionamento — nos esquecemos de viver o que há de aprendizado e beleza naquela etapa. Não raro, é no depois que se entende o valor do agora.
“Não apresse a vida”, diz a frase. E ela não poderia ser mais verdadeira. Porque cada etapa vem com suas dores, seus encantos, seus desafios e suas graças. E amar cada uma delas é também um ato de maturidade, de presença, de coragem.
Não conte os dias como quem risca um calendário esperando o verão chegar. Viva-os. Com intensidade, com entrega, com aceitação. Há beleza até nos dias nublados, e há luz mesmo nos momentos mais escuros — se tivermos olhos para ver.
A vida não quer ser vencida. Ela quer ser vivida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário