Silêncio não é ausência. É presença em outra frequência.
É a palavra que escolheu não ser dita.
É o gesto que se esconde entre respirações contidas e olhares desviados.
Muita gente fala demais por medo do silêncio, mas é justamente nele que mora a profundidade.
Psicologicamente, silenciar é quase sempre um movimento de defesa ou de introspecção. É quando o barulho de fora precisa parar para que o de dentro possa ser ouvido. É o intervalo entre o estímulo e a resposta — e, às vezes, é a resposta em si.
Mas o silêncio não é passivo.
Ele pode curar ou adoecer.
Pode ser o solo fértil da reflexão ou o abismo da omissão.
Depende do que se escolhe calar… e por quê.
Há silêncios que pacificam, que evitam confrontos desnecessários.
Há silêncios que protegem a própria dignidade diante de ataques vazios.
Mas há também silêncios que gritam por dentro, que escondem mágoas, que alimentam ressentimentos.
O velho ditado diz que “o silêncio é a melhor resposta”.
Mas nem sempre.
Há situações em que o silêncio se torna cúmplice da injustiça.
Há dores que só se curam quando nomeadas.
Há relações que se desfazem por falta de diálogo — não por excesso de conflito.
Silenciar, portanto, é uma escolha — e, como toda escolha, exige consciência.
É preciso saber quando o silêncio é sabedoria, e quando é apenas medo de enfrentar o necessário.
Em um mundo saturado de falas vazias, o silêncio pode ser um ato revolucionário.
Mas também pode ser um esconderijo confortável, onde a coragem se recusa a nascer.
Por isso, antes de calar, pergunte-se:
Estou silenciando para preservar a paz… ou para fugir de mim mesmo?
Porque o silêncio, no fundo, nunca é neutro.
Ele fala.
Sempre fala.
A questão é: estamos prontos para ouvir o que ele tem a dizer?
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