Solidão não é só cadeira vazia,
nem eco de vozes que foram embora.
É presença distorcida em plena companhia,
é um grito interno que ninguém decora.
Não é falta de mãos ou de abraços,
mas o sumiço do próprio sentido.
É caminhar por entre os próprios passos
e não saber mais o porquê do caminho percorrido.
É olhar-se no espelho e ver o estranho,
é sorrir por fora e murchar por dentro.
É não caber nem em si,
como um lar esquecido, sem alento.
É quando o mundo exige performance
e o coração só pede descanso.
Quando a alma grita por verdade,
e o corpo se curva ao cansaço.
Vivemos conectados — a tudo, a todos —
mas não ouvimos o som da própria voz.
Queremos likes, respostas, aplausos,
mas perdemos o contato com o nosso “nós”.
Não é ausência o que mais dói,
é excesso de ruído sobre a essência.
É estar rodeado e ainda assim vazio,
vivendo a ilusão da presença.
Solidão, então, não é abandono,
é esquecer quem se é, de tanto correr.
É o preço de um mundo acelerado
que nos cobra tudo —
menos o direito de ser.
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