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quinta-feira, 19 de junho de 2025

🤫Essência em Silêncio

Solidão não é só cadeira vazia,

nem eco de vozes que foram embora.

É presença distorcida em plena companhia,

é um grito interno que ninguém decora.

 

Não é falta de mãos ou de abraços,

mas o sumiço do próprio sentido.

É caminhar por entre os próprios passos

e não saber mais o porquê do caminho percorrido.

 

É olhar-se no espelho e ver o estranho,

é sorrir por fora e murchar por dentro.

É não caber nem em si,

como um lar esquecido, sem alento.

 

É quando o mundo exige performance

e o coração só pede descanso.

Quando a alma grita por verdade,

e o corpo se curva ao cansaço.

 

Vivemos conectados — a tudo, a todos —

mas não ouvimos o som da própria voz.

Queremos likes, respostas, aplausos,

mas perdemos o contato com o nosso “nós”.

 

Não é ausência o que mais dói,

é excesso de ruído sobre a essência.

É estar rodeado e ainda assim vazio,

vivendo a ilusão da presença.

 

Solidão, então, não é abandono,

é esquecer quem se é, de tanto correr.

É o preço de um mundo acelerado

que nos cobra tudo —

menos o direito de ser.


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