Nem todo “eu te amo” é dito com todas as letras. Às vezes ele vem disfarçado de cuidado, de mensagem no meio da tarde, de um “chega bem em casa” dito meio distraído. A gente aprendeu a esperar o amor nos grandes gestos, nos roteiros de cinema, nos beijos debaixo da chuva e nas declarações em alto-falante. Mas a verdade é que o amor mesmo — aquele de verdade, que sustenta a alma — se esconde nos detalhes.
Um “trouxe chocolate pra você” pode ser tão carregado de afeto quanto um buquê de flores num dia qualquer. Um “você tomou o remédio?” é quase um abraço embrulhado em palavras. E um simples “bom dia” pode carregar a promessa silenciosa de alguém que pensa em você antes mesmo do café.
O amor mora nesses gestos cotidianos, nas entrelinhas das conversas, no emoji enviado depois de um dia difícil, naquele meme bobo que vem acompanhado de “pensei em você”. É o cuidado que aparece sem pedir licença, o olhar atento que repara quando você está calado demais, a preocupação que se disfarça de bronca leve: “vai com casaco, vai esfriar”.
A gente vive num tempo onde o amor é confundido com presença constante nas redes, com declarações públicas e fotos emolduradas. Mas, no fundo, o amor verdadeiro ainda é feito de silêncio, de escuta, de paciência. Ele se revela quando alguém te ouve com o coração, quando respeita teu espaço, quando lembra da sua música favorita, mesmo sem gostar tanto assim dela.
Dizer “eu te amo” com a boca é fácil. Difícil é dizer com os atos. Difícil — e bonito. Porque quando a gente aprende a decifrar esses pequenos gestos, começa a perceber que o mundo está mais cheio de amor do que parece.
Então, da próxima vez que alguém te mandar um áudio só pra saber como foi seu dia, não duvide: pode ser amor. Ali, no mais simples dos gestos.
E isso, talvez, seja o mais bonito de tudo.
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