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quarta-feira, 25 de junho de 2025

🏷️O Preço de Ser Agradável

Há quem caminhe leve, porque aprendeu cedo a escutar a própria consciência — mesmo que isso custe olhares tortos, silêncios constrangedores ou portas fechadas. Mas há também quem, na ânsia de ser aceito, vá empilhando concessões como quem constrói uma casa em terreno alheio: tudo parece bonito por fora, mas nada pertence de fato a si.

A vida tem um jeito sorrateiro de nos colocar diante de espelhos. E há um reflexo que incomoda mais que todos: aquele que mostra o quanto nos perdemos tentando agradar o mundo. É sutil — começa com um “sim” dito quando queríamos dizer “não”, com um riso forçado em piadas que ferem, com silêncios onde a alma gritava. Aos poucos, a voz de dentro vai sendo abafada pela expectativa alheia.

E o pior é que o mundo raramente agradece. Ele sempre quer mais. Quer que você seja gentil, mas não assertivo. Educado, mas nunca incisivo. Quer que você sorria, mesmo sangrando por dentro. Que seja agradável, ainda que à custa da própria verdade.

Mas há um cansaço que chega para todos: o cansaço de interpretar. De vestir personagens. De ensaiar falas que não condizem com o que pulsa no peito. Um dia, a consciência cobra. E cobra caro.

A verdadeira liberdade começa quando deixamos de nos trair para caber. Quando percebemos que a paz de estar em paz consigo mesmo vale mais do que qualquer aprovação. Quando escolhemos não afrontar a própria consciência, ainda que isso nos torne menos simpáticos aos olhos do mundo.

No fim, o que permanece não é a máscara que usamos, mas o rosto que sustentamos por trás dela.

E há uma beleza serena em ser quem se é — sem agrado forçado, sem concessão vendida, sem medo do julgamento. Porque, afinal, a consciência é o travesseiro mais fiel. E dormir em paz com ela… é coisa rara demais para se trocar por aplausos passageiros.

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