Costumamos buscar significado em tudo que nos acontece.
Mas esquecemos, muitas vezes, de olhar com sabedoria para aquilo que não aconteceu.
Aquilo que esperávamos com tanta fé e que nunca chegou.
O que planejamos com tanto zelo e que desfez-se no meio do caminho.
O encontro que não se deu. O amor que não vingou. A oportunidade que escapou.
Gabriel García Márquez, com sua sensibilidade única, nos lembra:
assim como há coisas que acontecem por uma razão, há outras que, por alguma razão, simplesmente não se realizam.
E talvez seja aí que mora a maturidade.
Na aceitação do mistério que envolve o não.
Na humildade de entender que a vida, muitas vezes, nos protege sem que saibamos.
Que portas fechadas evitam quedas.
Que silêncios evitam mágoas.
Que ausências nos empurram para outras presenças mais certas, mais nossas.
Nem tudo o que desejamos é o que precisamos.
E nem tudo o que não vivemos foi perda.
Às vezes, foi livramento.
Outras, foi tempo.
E quase sempre, foi a vida nos conduzindo por uma lógica mais sábia do que a nossa.
A reflexão que fica é: o que não aconteceu também tem algo a dizer.
E talvez, com o tempo, a gente aprenda a ouvir.
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