Alice no País das Maravilhas . . .
— Amas-me? — perguntou Alice, com os olhos cheios de esperança.
— Não, não te amo — respondeu calmamente o Coelho Branco.
Alice abaixou o olhar, apertando as mãos com a mesma delicadeza triste que surgia sempre que se sentia ferida.
— Estás a ver? — continuou o Coelho, com voz suave.
— Agora vais começar a questionar o que há de errado contigo. Vais pensar que és imperfeita, que fizeste algo de mal. Mas não é isso, Alice.
— Nem sempre serás amada — disse ele, olhando para o horizonte.
— Haverá dias em que os outros estarão exaustos, perdidos nos próprios pensamentos, afogados nos próprios fantasmas. E nesses dias, sem querer, acabarão por magoar-te. As pessoas são assim. Ferem umas às outras, muitas vezes sem perceber. Por descuido, por confusão, por estarem em guerra com elas mesmas.
— É por isso que não posso amar-te agora.
Porque se não aprenderes a amar a ti mesma, qualquer ausência, qualquer palavra mal colocada, qualquer gesto de descuido tornar-se-á uma ferida profunda. Um veneno. Um peso impossível de carregar.
— Quando te vi pela primeira vez — ele disse com ternura — fiz um pacto comigo:
“Não a amarei antes que ela aprenda a amar-se. Porque só quando o coração se reconhece digno, é que o amor dos outros pode vir como abrigo, e não como sal na ferida.”
Essa versão respeita o espírito original da citação, embora seja uma adaptação livre — já que o trecho citado não aparece literalmente em “Alice no País das Maravilhas”, mas sim como uma paráfrase atribuída à obra em textos contemporâneos.
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