sexta-feira, 20 de junho de 2025

🔆O silêncio dos bons e o barulho dos maus

“Vivemos tempos sombrios, onde as piores pessoas perderam o medo e as melhores perderam a esperança.”

A frase de Hannah Arendt atravessa gerações e continua assustadoramente atual.

Há algo de perigoso no desequilíbrio que ela aponta. Quando os piores perdem o medo, o mal ganha voz, espaço e impunidade. Ele desfila com arrogância, travestido de “opinião”, “liberdade”, ou “verdade absoluta”. O discurso de ódio, a intolerância, a crueldade cotidiana passam a circular com naturalidade, enquanto quem se indigna é taxado de frágil ou exagerado.

Ao mesmo tempo, quando os melhores perdem a esperança, o mundo empobrece. Porque os que poderiam promover mudança — com ética, empatia e lucidez — se retraem, cansados de remar contra a maré. Desistem de debater, de lutar, de se expor. Cedem ao cansaço. E o silêncio dos bons torna-se cúmplice involuntário do avanço dos maus.

Esses tempos sombrios de que Arendt fala não surgem do nada. Eles se constroem na repetição da omissão. Na banalização do absurdo. Na normalização da injustiça. Na escolha de sobreviver ao invés de viver com dignidade.

O antídoto, talvez, esteja em restaurar a coragem de quem perdeu a fé — e lembrar aos bons que o mundo precisa, sim, da sua presença ativa. Porque o mal não vence por ser mais forte, mas por ser mais barulhento quando o bem se cala.

É tempo de acender pequenas luzes.

Mesmo nas sombras.

Especialmente nas sombras.

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