A vida, por si só, já exige muito de nós. Há o trabalho, os compromissos, as contas, os sonhos, as relações… E, como se não bastasse, seguimos arrastando malas invisíveis, cheias de coisas que não nos servem mais.
Na pressa de seguir, nem percebemos o peso que carregamos. Ali, na mala marrom, o passado insiste em ocupar espaço. São memórias que apertam, erros que já foram julgados e situações que já não podem ser refeitas. Mas, ainda assim, ela está lá, pendurada na mão, como se houvesse alguma utilidade em revisitar aquilo o tempo inteiro.
No outro braço, balança a caixa da culpa. Um peso traiçoeiro, que se acomoda no peito e sussurra: “Você deveria ter feito diferente.” A culpa não resolve o que passou, só adoece quem carrega.
O ombro já dói por sustentar o cilindro dos medos. Medo de não ser suficiente, de não dar certo, de decepcionar, de perder, de tentar e fracassar. A cada passo, o medo aperta mais, como se quisesse travar qualquer movimento em direção ao novo.
Por cima de tudo, quase esmagando, está a mala das decepções. Gente que não correspondeu, situações que não saíram como esperávamos, promessas quebradas, planos interrompidos. E lá seguimos, tentando equilibrar tudo, tropeçando na própria exaustão.
Mas a grande verdade — aquela que a gente teima em esquecer — é que nenhuma dessas bagagens é obrigatória. Nenhuma.
A vida não exige que você leve o passado, nem a culpa, nem os medos, nem as decepções. Isso não é parte do ingresso. Na verdade, soltar essas malas é a única condição para caminhar mais leve, mais inteiro, mais livre.
Por isso, se hoje você sentir esse peso te puxando pra trás, pare. Respire fundo. Olhe para suas mãos, para seus ombros, para tudo o que anda segurando. E tenha a coragem de deixar no chão o que não precisa mais acompanhar você.
Porque, no fim das contas, a única bagagem realmente necessária é aquela que se chama esperança.
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