A gente cresce aprendendo que agradar é quase um sinônimo de viver bem. Dizem que ser querido é abrir portas, que ser aceito é ser amado, que ceder é sinal de inteligência emocional. E, nesse processo silencioso de querer caber no molde dos outros, esquecemos de nós.
Começa com coisas pequenas. Um “sim” que queria ser “não”. Um sorriso forçado para evitar conflito. Uma concordância vazia só pra não ser o chato da roda. De repente, a vida vira um palco, e você, um ator de si mesmo, ensaiando falas que não são suas, interpretando versões que agradam, mas não te representam.
E aí vem o erro. Não o erro que os outros apontam — porque pra eles, você continua acertando. O erro é interno, silencioso, doído. É aquele que você sente quando deita a cabeça no travesseiro e percebe que, de tanto querer acertar com o mundo, acabou se traindo.
Errei comigo. Me abandonei pra não desagradar. Me silenciei pra não gerar desconforto. Me deixei por último pra ser o primeiro na fila de quem agrada. E, no fim, percebi que quem mais precisava de cuidado, aceitação e amor… era eu.
O problema de viver tentando caber nos bolsos dos outros é que, quando eles mudam de roupa, você perde o lugar. E então percebe, tarde às vezes, que quem deveria ser sua própria casa, seu abrigo e sua prioridade… era você desde o começo.
Hoje, recolho os pedaços de mim que deixei espalhados por aí — em expectativas alheias, em promessas que nunca foram minhas, em tentativas de ser quem nunca fui. E aprendo, entre tropeços e suspiros, que o maior acerto da vida é parar de errar consigo mesmo.
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