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quarta-feira, 4 de junho de 2025

O Coração Maduro

Com o tempo, a gente aprende. Nem sempre na velocidade que gostaria, nem sempre da maneira mais gentil. Mas aprende. Aprende que os aplausos não enchem a alma. E que as vaias… ah, as vaias também não a esvaziam.

O coração maduro não vive mais de plateias. Já não precisa que o mundo inteiro aplauda seus passos, aprove seus caminhos, valide suas escolhas. Ele aprendeu a ouvir um som mais sutil, mais verdadeiro — o da própria consciência em paz.

Quando jovem, qualquer olhar torto feria como lâmina. Qualquer silêncio desconfortável parecia um julgamento. E os elogios… eram combustível. Necessários, vitais, quase dependência. Era como se a vida precisasse, o tempo todo, de confirmações: “Você está no caminho certo.”

Mas a maturidade chega de mansinho. Às vezes com rugas no rosto. Às vezes com cicatrizes na alma. Outras vezes, só com aquele cansaço doce de quem já entendeu que nem tudo vale o esforço, nem toda luta merece a guerra.

E então o coração percebe que os palcos são passageiros. Que o mesmo público que aplaude hoje, pode vaiar amanhã. Que quem grita seu nome hoje, talvez nem se lembre dele no próximo ato. E, de repente, isso já não importa mais.

O coração maduro aprendeu a viver na plateia da vida, assistindo o próprio espetáculo com olhos generosos. Aplaude-se quando acerta. Corrige-se quando erra. Perdoa-se. E segue.

Porque entende que a verdadeira vitória não mora no barulho das palmas, nem no silêncio das críticas. Mora na leveza de deitar a cabeça no travesseiro e saber que foi inteiro. Que foi verdadeiro. Que, entre acertos e tropeços, foi, acima de tudo… ele mesmo.

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