00h05. A cidade dorme — ou finge que dorme. As luzes dos postes desenham silhuetas nas paredes, e há um silêncio que pesa mais do que qualquer barulho. E, nesse intervalo entre o ontem e o quase hoje, estou eu… pensando na vida.
Não é um pensar organizado, desses que se anota em caderno e resolve no dia seguinte. É um pensar torto, desalinhado, meio nebuloso. Daqueles pensamentos que vêm sem serem convidados e, ainda assim, ocupam espaço como se tivessem aluguel pago.
Formulo teorias, argumentos, diálogos que talvez nunca aconteçam. Penso em histórias que podem ser invenção da mente ou recortes distorcidos de memórias que insisto em arquivar. E, no fundo, fico sem saber se tudo isso é real, sonho ou só mais uma dessas viagens internas que a madrugada costuma patrocinar.
O fato é que o pensamento não pede licença. Ele vem, toma café, cruza as pernas no sofá da consciência e começa a falar — sobre tudo e sobre nada. E lá estou eu, divagando entre o que foi, o que poderia ter sido e o que talvez nunca será.
Percebo, então, que esse universo de ideias, entre o surreal e o factível, é também parte de mim. Corpo, alma e coração se entrelaçam nessa dança silenciosa, tentando, quem sabe, dar algum sentido para aquilo que, no fundo, não precisa de sentido algum.
E assim, sigo. Porque a vida, às vezes, é só isso mesmo: um amontoado de pensamentos soltos no silêncio da madrugada. E tá tudo bem.
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