No fim das contas, um dia seremos apenas fotos. Um retrato amarelado guardado numa caixa esquecida, um arquivo perdido em algum HD, uma imagem que talvez alguém olhe, por acaso, e pergunte: “Quem era mesmo?”
É curioso pensar que tanto corre-corre, tanto acúmulo, tanta urgência e tanta importância que damos às coisas… se resumirão a um instante congelado. Um sorriso, uma pose meio desconfortável, um olhar que tentava dizer algo para o futuro — sem saber se haveria alguém disposto a escutar.
As fotos, no fundo, são armadilhas contra o esquecimento. Tentativas frágeis de eternizar o efêmero. Mas será que elas conseguem? Uma foto não conta que você tinha medo do escuro, que sonhava em mudar o mundo, que colecionava derrotas e, mesmo assim, seguia sorrindo. Ela não mostra as cicatrizes invisíveis, nem as lutas silenciosas que só você sabia travar.
E, no entanto, é isso que ficará. Uma moldura na estante de alguém, uma lembrança virtual que talvez, um dia, se perca no fluxo de dados infinitos.
Por isso, antes de sermos apenas fotos, sejamos presença. Sejamos abraço. Sejamos palavra dita, riso compartilhado, gesto que faz diferença. Porque a vida que importa não cabe numa moldura — cabe no que construímos no coração dos outros.
Quando, enfim, formos só uma foto… que ela traga não só a nossa imagem, mas o eco das histórias que deixamos. Porque, no fim, não é sobre o quanto vivemos — é sobre o quanto fizemos viver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário