Às vezes, tudo o que a gente precisa é se lembrar. Lembrar daquilo que fazia o olho brilhar, daquilo que preenchia os silêncios, que acalmava a alma, que fazia a vida parecer mais leve, mais nossa.
É curioso como, no meio da correria, das responsabilidades, das exigências e da pressa, a gente simplesmente se esquece de coisas que, um dia, foram fonte de alegria. Um hobby, um hábito simples, uma paixão esquecida no fundo da gaveta — junto com os cadernos velhos, os instrumentos empoeirados, os pincéis, as canetas ou as receitas guardadas.
Por algum motivo, fomos colocando tudo isso em espera. E sem perceber, fomos ficando mais duros, mais cansados, mais secos por dentro. A vida virou só conta pra pagar, reunião pra participar, problema pra resolver. E o que era prazer virou ausência.
Mas, de repente, em um dia qualquer, algo acende uma lembrança. Uma música que toca, uma foto antiga que surge, uma conversa despretensiosa. E então, bate aquele pensamento: “Faz tempo que não faço isso… Eu gostava tanto.”
E é aí que a mágica começa a se desenrolar. Porque voltar a fazer algo que sempre se amou é, na verdade, uma maneira de se reencontrar. É um abraço em quem você era, uma ponte que liga o passado ao presente, uma forma de se lembrar que nem tudo na vida precisa ser pesado, urgente ou produtivo.
Às vezes, tudo o que você precisa é voltar a caminhar sem pressa, voltar a escrever sem compromisso, a pintar sem intenção de perfeição, a tocar aquele violão desafinado, a cozinhar aquele prato que te fazia feliz. Voltar a ser, por alguns instantes, só você — na sua essência, no seu simples, no seu inteiro.
Porque, no fundo, a vida também mora nesses pequenos retornos. E se reencontrar, de vez em quando, é o que salva.
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