Já quis tanta coisa.
Já quis impressionar, ser notado, caber em lugares que nem combinavam comigo. Já quis aplausos. Já quis ter razão. Já quis ter tudo ao mesmo tempo, como se a vida fosse uma corrida de prêmios e o troféu fosse o reconhecimento dos outros.
Já quis o amor idealizado, a resposta imediata, o sucesso sem falhas, a felicidade plastificada das redes. Já quis provar que eu era suficiente, mesmo quando ninguém estava cobrando. Já quis ser mais, ter mais, alcançar mais — e nessa pressa, me perdi de mim.
Hoje, com as feridas curadas e outras ainda em tratamento, percebo que meu desejo mudou.
Ultimamente, eu só quero ficar bem.
E isso não é pouco.
É tudo.
Ficar bem não é se conformar — é se priorizar.
É escolher o silêncio em vez da discussão sem sentido.
É aprender a dizer “não” com respeito.
É aceitar que algumas pessoas vão embora, e tudo bem.
É deixar cair as máscaras que cansavam o rosto.
É entender que se perder faz parte, mas que voltar para si é um ato de coragem.
Ficar bem é dormir em paz com suas escolhas, ainda que imperfeitas.
É ter um domingo sem culpa. Uma segunda-feira sem angústia.
É saber que você não precisa provar nada para ninguém.
É desligar o celular. É respirar fundo.
É não se sabotar mais.
Parece pouco para um mundo que insiste em nos cobrar performance, pressa, resultados e sorrisos engessados.
Mas é nessa simplicidade que mora a verdadeira revolução.
Já quis tanta coisa.
Hoje, quero apenas me manter inteiro.
Ficar bem é o meu novo ponto de chegada.
E, talvez, o mais sincero ponto de partida.
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