Avançamos.
Aprendemos a atravessar oceanos em horas, a decifrar códigos genéticos, a colocar máquinas em órbita e inteligência em chips. Criamos cidades inteiras sobre a terra, sob a terra, e dentro de telas. Aperfeiçoamos sistemas, inventamos ferramentas, nos conectamos como nunca antes.
Mas em meio a tanto progresso, tropeçamos feio no mais essencial: ser humano.
Sim, falhamos.
Falhamos quando naturalizamos a indiferença. Quando achamos normal ignorar a dor alheia porque “não é comigo”. Quando temos tempo para notificações, mas não para um olhar sincero. Quando escolhemos ter razão ao invés de compaixão.
A humanidade que inventa o amanhã, muitas vezes esquece de cuidar do hoje. Gritamos por paz enquanto alimentamos guerras dentro de casa, no trânsito, no olhar. Construímos muros invisíveis entre nós — por medo, por orgulho, por ignorância.
Temos casas maiores, mas corações mais apertados. Temos mil formas de dizer “oi”, mas quase nenhuma para perguntar “como você realmente está?”.
É duro admitir: somos uma geração que aprendeu a comandar satélites, mas desaprendeu a ouvir com atenção. Que multiplica informações, mas não compartilha acolhimento. Que fala sobre empatia nos posts, mas desvia o olhar na calçada.
Ser humano não é sobre grandes discursos. É sobre pequenos gestos. Sobre enxergar o outro com os olhos da alma. Sobre estender a mão mesmo quando não há aplausos. Sobre saber que a dor do outro também diz respeito a você.
O maior avanço que poderíamos alcançar — e ainda não conseguimos — é voltar ao básico: à ternura, à escuta, à paciência. Ao respeito pelo que é diferente. À delicadeza com o que é frágil. À coragem de sentir.
Talvez ainda haja tempo. Talvez, mesmo em meio a tanta falha, ainda dê pra reaprender. Recomeçar.
Porque no fim, de tudo que a humanidade poderia conquistar, nada será mais grandioso do que simplesmente… ser humana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário