domingo, 15 de junho de 2025

A Fragilidade das Máscaras

Não é segura a vida daqueles que vivem sob uma máscara.”

A advertência de Sêneca, embora escrita há séculos, soa como se tivesse sido dita hoje — talvez ontem — ou até ontem à noite, naquele post que você hesitou em publicar porque ele mostrava mais de você do que gostaria.


Vivemos tempos em que as máscaras são não apenas toleradas, mas incentivadas.

Máscaras de alegria constante, de sucesso sem pausa, de certezas absolutas, de felicidade plastificada e permanente.

Elas são bem maquiadas, bem editadas, bem vendidas.

Mas continuam sendo o que sempre foram: disfarces frágeis.


E Sêneca nos lembra — com firmeza e compaixão — que viver sob uma máscara é viver em estado de alerta.

É estar o tempo todo cuidando para que ela não caia.

É construir uma segurança falsa, uma paz aparente, uma imagem que não sustenta o peso da verdade.


Porque não há descanso onde não há verdade.

Quem finge estar bem, não melhora.

Quem finge ser forte, não se permite apoio.

Quem vive de aparência, esconde-se da própria essência.


E aí está o perigo.

Não é que a máscara minta só para o outro.

Ela começa mentindo para dentro — e aos poucos, vamos acreditando na mentira que criamos.


Mas a vida, essa tecelã de realidades, uma hora exige sinceridade.

E é aí que tudo desaba — porque nenhuma máscara resiste ao tempo.

E nenhuma alma suporta viver exilada de si por muito tempo.


Viver de verdade é um risco, sim.

Mas é um risco necessário.

A única segurança possível vem da coragem de ser quem se é — com defeitos, dúvidas, feridas e tudo.


Porque viver com verdade pode até doer…

Mas viver com mentira, cedo ou tarde, custa a própria vida.

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