Chega uma hora em que a vida começa a pedir outra coisa da gente.
Nem sempre grita — às vezes, só sussurra.
Mas se a gente silenciar um pouco o barulho de fora, consegue ouvir:
“Vai. Já deu. É hora de mudar.”
E mudar não é só trocar de lugar, de roupa, de emprego.
Mudar é decidir que já não se aceita mais viver pela metade, que o cansaço de manter o que não faz sentido é maior do que o medo do novo.
Às vezes, a gente só precisa disso: tomar novas decisões.
Mesmo que ainda não tenha todas as garantias. Mesmo que a segurança não venha junto. Porque crescer é, também, desaprender algumas certezas, soltar velhos hábitos e encarar o espelho com sinceridade.
E, olha… nem sempre é bonito.
Arriscar dá frio na barriga. Mudar dói. Enfrentar os próprios medos exige coragem. Mas seguir fingindo plenitude num caminho que não cabe mais em nós dói ainda mais.
Por isso, às vezes, o que falta não é força — é clareza.
Clareza pra reorganizar as prioridades.
Pra deixar pra trás o que só ocupa espaço.
Pra olhar pra frente com fé e decidir: “É ali que eu quero chegar.”
A vida que a gente quer ter raramente se constrói no conforto.
Ela nasce na ousadia de tentar, mesmo sem saber o que vem depois.
Ela se fortalece nas escolhas difíceis, nos nãos que doem, nos sins que libertam.
E, se for pra recomeçar, que seja com intenção.
Com os olhos mais atentos, o coração mais desperto e a alma menos disposta a se sabotar.
No fim, viver é isso: arriscar um passo para fora do que sufoca, e caminhar — ainda que devagar — rumo à vida que se deseja viver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário