A vida… ah, a vida nunca foi feita de fogos de artifício.
Ela acontece no intervalo entre uma respiração e outra, no instante em que o sol escorrega pela janela e desenha silêncios na parede do quarto.
É no café passado na hora certa, na toalha dobrada com carinho, no bilhete deixado em cima da mesa, no abraço que chega sem pressa e sem motivo.
Os grandes momentos? São como retratos emoldurados: bonitos, sim — mas fixos.
Os pequenos, esses não.
Eles se mexem, pulsam, aquecem.
São os detalhes que não cabem nas fotos, mas cabem direitinho na memória.
A vida se revela no jeito como alguém chama o nosso nome, na flor que brota na calçada esquecida, na gargalhada que escapa sem querer numa conversa despretensiosa.
É sobre a gentileza de quem ouve com o coração, sobre o silêncio confortável entre duas pessoas que se entendem, sobre a chuva que convida à pausa e o vento que traz lembranças que não sabíamos que guardávamos.
A vida não grita, não exige plateia.
Ela sussurra.
E só escuta quem desacelera.
No fim das contas, não é sobre ter tudo, mas sobre notar cada coisa.
Porque quem sabe ver os detalhes… descobre que já tem o essencial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário