terça-feira, 17 de junho de 2025

O depois que nunca chega

“Será que, se deixar pra depois, você vai ter outra chance?”

 

Essa pergunta paira como uma nuvem carregada sobre nossas promessas não cumpridas, sobre os abraços que adiamos, as palavras que engolimos, os sonhos que empurramos para amanhã.

A verdade é que o depois tem um péssimo hábito de se disfarçar de eternidade. A gente acha que sempre haverá mais tempo, mais espaço, mais disposição. Que aquela visita pode ficar pra outro dia. Que o “eu te amo” pode esperar uma ocasião especial. Que mudar de vida pode ser coisa para segunda-feira. Mas e se não houver outra chance?

E se a vida — essa que pulsa sem aviso e escapa por entre os dedos — decidir que o agora era tudo o que a gente tinha?

O depois é uma armadilha confortável. Ele embala nossa procrastinação com a ilusão de segurança. Só que o tempo não é um contrato assinado. Ele é um sopro. Um risco. Uma estrada que pode ter curvas inesperadas logo à frente.

Então talvez a pergunta certa não seja “será que vou ter outra chance?”, mas sim: “por que não agora?”

Porque talvez a coragem more mesmo no presente. E o amor precise ser dito antes que o silêncio vire costume. E o sonho precise ser vivido antes que vire frustração. A vida não costuma bater na mesma porta duas vezes.

Então, se for pra amar, ame. Se for pra mudar, mude. Se for pra pedir perdão, peça. Se for pra tentar, tente.

Porque o depois… pode nunca mais chegar.

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