Tem gente que pergunta “tá tudo bem?” só pra preencher silêncio. Gente que aparece nos momentos difíceis, mas não com um ombro, e sim com uma lupa — curiosa, faminta por detalhes, não por empatia.
Vai por mim… são poucos os que realmente se importam. Aqueles que olham nos olhos sem pressa, que não querem saber o que aconteceu, mas como você está. Poucos, mas preciosos. São os que não medem a dor do outro com régua própria, os que sentam ao lado em silêncio, se for preciso, só pra dizer: “tô aqui”.
Os curiosos são barulhentos. Fazem perguntas em série, não por querer ajudar, mas por querer saber. Espalham, comentam, analisam. Querem ser os primeiros a dar a notícia, não os primeiros a oferecer um abraço. É como se a dor alheia fosse entretenimento, como se os tropeços dos outros fossem combustível para suas conversas vazias.
E aí a gente aprende — às vezes, a duras penas — a não abrir demais o coração. A filtrar os ouvidos que merecem escutar nossas vulnerabilidades. A separar o cuidado genuíno da curiosidade disfarçada.
Mas não se trata de endurecer, e sim de proteger. De saber que existe afeto verdadeiro, embora raro. Que ainda há pessoas que chegam com calma, sem invadir. Que seguram a sua mão sem perguntar como você caiu. Só perguntam: você quer levantar agora, ou só precisa de companhia um pouco mais no chão?
É por isso que, com o tempo, a gente para de buscar quantidade e começa a valorizar presença. Não a presença de quem aparece, mas de quem permanece — nos bons dias, nos ruins e, principalmente, nos dias sem explicação.
Porque quem se importa, cuida. E quem só quer saber… não merece ficar.
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