domingo, 15 de junho de 2025

Entre Um Pensamento e Outro

Há um espaço invisível entre um pensamento e outro. Um intervalo tão breve que mal se nota, mas tão profundo que, se a gente mergulha, talvez encontre respostas que nem sabia que procurava.


É nesse intervalo que mora o silêncio verdadeiro — não o da boca fechada, mas o da alma que observa.

A vida se esconde ali, entre o que já passou pela mente e o que ainda está por vir.


Entre um pensamento e outro, às vezes passa o vento, balançando cortinas, folhas e certezas.

Passa uma lembrança antiga, com cheiro de infância e gosto de tarde ensolarada.

Ou uma saudade repentina, daquelas que chegam sem aviso e se instalam por uns minutos, feito visita inesperada.


É nesse intervalo que a gente se escuta.

Que sente o corpo, o peso dos ombros, o ritmo da respiração.

Que nota a luz entrando pela fresta da janela, a poeira dançando no ar, o tic-tac do relógio marcando um tempo que corre, mas que ali parece suspenso.


A maioria das pessoas vive saltando pensamentos como quem pula pedras num rio.

Mas há quem pare no meio da travessia e se dê conta de que o rio também canta, também brilha, também ensina.


Entre um pensamento e outro, pode nascer um poema.

Uma decisão. Um perdão. Um recomeço.


Talvez o que mais nos falte hoje não seja tempo, mas pausa.

A coragem de não preencher tudo.

De deixar um espaço em branco.

De habitar o intervalo com presença.


Porque é ali, entre um pensamento e outro, é que a gente se encontra com o que é essencial.

E às vezes, com sorte, até com a gente mesmo.

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