Sou do time que acredita que muita coisa se resolve com um bom café, um pouco de silêncio e uma folha em branco.
Não é receita, é intuição. E também um jeito de escapar do caos.
Porque tem hora em que tudo parece demais: as cobranças, as mensagens que não param, os medos que ninguém vê, as obrigações que se acumulam como louça na pia.
Aí eu paro.
Esquento a água, escolho a caneca preferida — aquela com uma lasquinha discreta na borda — e deixo o cheiro do café recém-passado invadir a cozinha como se fosse oração.
Enquanto o líquido escuro preenche o espaço, eu me lembro que viver não é dar conta de tudo, mas sim dar valor ao que realmente importa.
E é aí que entra o papel.
Não precisa ser novo. Nem bonito. Só precisa estar ali, disposto a ouvir.
Escrevo porque escrever organiza o que a mente embaralha.
Não importa se é uma ideia torta, um desabafo mal escrito ou uma frase sem fim — o papel entende. Ele não julga, não interrompe, não corrige. Ele apenas acolhe.
E tem coisa mais rara do que ser acolhido num mundo de tanto ruído?
Vivemos tão apressados que esquecemos do simples.
Mas às vezes é no simples que mora a resposta.
No café que aquece as mãos e o peito.
Na pausa que ninguém vê, mas que salva o dia.
Na palavra escrita que diz o que a boca não consegue.
Entre café, vida e papel, muita coisa se revela.
E, com sorte, a gente também se revela um pouco mais.
No fim, minha opinião é simples: não há crise que resista a um bom gole, a um respirar fundo
e a coragem de escrever, mesmo que só pra si.
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