domingo, 15 de junho de 2025

Entre Café, Vida e Papel

Sou do time que acredita que muita coisa se resolve com um bom café, um pouco de silêncio e uma folha em branco.


Não é receita, é intuição. E também um jeito de escapar do caos.

Porque tem hora em que tudo parece demais: as cobranças, as mensagens que não param, os medos que ninguém vê, as obrigações que se acumulam como louça na pia.


Aí eu paro.

Esquento a água, escolho a caneca preferida — aquela com uma lasquinha discreta na borda — e deixo o cheiro do café recém-passado invadir a cozinha como se fosse oração.


Enquanto o líquido escuro preenche o espaço, eu me lembro que viver não é dar conta de tudo, mas sim dar valor ao que realmente importa.


E é aí que entra o papel.

Não precisa ser novo. Nem bonito. Só precisa estar ali, disposto a ouvir.

Escrevo porque escrever organiza o que a mente embaralha.

Não importa se é uma ideia torta, um desabafo mal escrito ou uma frase sem fim — o papel entende. Ele não julga, não interrompe, não corrige. Ele apenas acolhe.


E tem coisa mais rara do que ser acolhido num mundo de tanto ruído?


Vivemos tão apressados que esquecemos do simples.

Mas às vezes é no simples que mora a resposta.

No café que aquece as mãos e o peito.

Na pausa que ninguém vê, mas que salva o dia.

Na palavra escrita que diz o que a boca não consegue.


Entre café, vida e papel, muita coisa se revela.

E, com sorte, a gente também se revela um pouco mais.


No fim, minha opinião é simples: não há crise que resista a um bom gole, a um respirar fundo

e a coragem de escrever, mesmo que só pra si.

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