segunda-feira, 16 de junho de 2025

Memórias não têm troco

Resenha crítico-reflexiva

 

“Nunca se arrependa por usar seu dinheiro para construir memórias incríveis junto das pessoas que você ama.”

À primeira vista, parece apenas mais uma dessas frases que circulam nas redes sociais — inspiradora, leve, quase óbvia. Mas por trás da simplicidade, mora uma verdade profunda, que confronta uma lógica muito presente em nossos tempos: a do acúmulo sem propósito.

 

Vivemos em uma era em que o valor de algo é muitas vezes medido pelo que custa — e não pelo que significa. Guardamos dinheiro para o futuro, investimos em posses, atualizações, status. Mas quantas vezes nos esquecemos de investir naquilo que realmente constrói nossa biografia emocional? Momentos. Presença. Experiências.

 

A frase nos convida a refletir sobre o que realmente vale a pena. Não é um chamado ao consumo irresponsável, tampouco uma defesa do hedonismo. É um lembrete sutil de que gastar com o que toca o coração não é gasto — é investimento.

 

Viajar com os filhos. Sair para jantar com os pais. Comprar dois ingressos para um show que vai virar lembrança. Dividir uma sobremesa rindo com os amigos. Isso não volta em boletos. Volta em memória. E memória é uma das poucas riquezas que o tempo não rouba — só valoriza.

 

Claro que há limites. O dinheiro precisa ser bem cuidado. Mas o que esta frase diz, no fundo, é que há um tipo de riqueza que não cabe em planilhas: o afeto vivido. E esse, quando bem alimentado, sustenta a alma em dias difíceis, cura ausências, preenche o silêncio das perdas.

 

Arrepender-se de gastar com o que fez você e quem você ama sorrirem juntos?

Isso não é perda.

É ganho de vida.

 

Porque no fim, o que nos acompanha não é o que compramos.

É o que sentimos enquanto estávamos ali.

Inteiros.

Juntos.

Felizes.

Nenhum comentário: