domingo, 1 de junho de 2025

Mesmo Se

O medo chega manso,

vestido de cuidado,

e sussurra devagar:

— “E se…?”

E se não for?

E se doer?

E se falhar?

E se cair?


O medo gosta de reticências.

Gosta de interromper caminhos

antes mesmo do primeiro passo.

Mas há uma outra voz,

mais silenciosa,

mais firme,

que diz sem tremer:

— “Mesmo se…”

Mesmo se for difícil, eu vou.

Mesmo se chover no caminho, eu sigo.

Mesmo se não for perfeito, vale.

Mesmo se cair, levanto, ajeito, recomeço.


O medo quer garantias.

A fé só quer coragem.

O medo desenha tragédias que não existem.

A fé costura possibilidades no tecido do incerto.

 

E assim a vida se faz —

entre quem paralisa no “e se”

e quem voa no “mesmo se.”

 

Porque viver nunca foi sobre certezas.

Foi, e sempre será,

sobre confiar,

sobre tentar,

sobre se lançar,

— mesmo se.

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