“Não fui eu.”
Essa é, talvez, uma das frases mais repetidas da humanidade.
Dita com pressa, com medo, com orgulho.
Dita mesmo quando o erro ainda está quente nas mãos.
Vivemos numa época em que assumir a própria responsabilidade virou raridade. Sempre tem um culpado mais conveniente: o outro, o tempo, a infância difícil, a segunda-feira, o trânsito, a pressão, o sistema, o acaso. Tudo serve como escudo para evitar o espelho.
É mais fácil acusar do que encarar.
Mais confortável apontar do que reconhecer.
Mais simples se esquivar do que sentar com os próprios erros e aprender com eles.
O problema é que esse hábito de empurrar a culpa transforma a gente em fugitivos de nós mesmos. E quem vive correndo da verdade, uma hora se cansa. Cansa porque o peso do que não foi assumido não desaparece — ele se acumula. Vira ruído por dentro, vira nó, vira desconexão com a própria consciência.
Assumir um erro não nos faz fracos. Pelo contrário: é o que mais exige coragem. É ato de maturidade. É dizer “fui eu” com a honestidade de quem sabe que falhar é humano, mas esconder a falha é escolha. E que toda escolha tem consequência.
Quando deixamos de dizer “não fui eu” e passamos a dizer “sim, eu errei” — algo muda. A culpa vira lição. O tropeço vira passo novo. A relação machucada começa a se curar. O ego encolhe um pouco, e o coração cresce. Cresce em verdade, em humildade, em liberdade.
Porque ninguém evolui fugindo do que é.
E ninguém amadurece sem aceitar que, às vezes, somos nós que quebramos o que mais queríamos manter inteiro.
Então, da próxima vez que algo der errado, respire fundo.
Antes de culpar o outro, o mundo, o destino…
Olhe para dentro.
Talvez a resposta esteja ali.
E talvez, dizer “fui eu” seja o começo de um novo acerto.
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