segunda-feira, 16 de junho de 2025

O Amor que Merecemos

Merecemos amor de sobra, não sobras de amor.

E essa frase, simples e direta, tem mais peso do que parece.

 

Vivemos tempos em que o amor, muitas vezes, vem racionado. Vem depois de tudo. Vem quando sobra tempo, disposição, ou quando já não há mais ninguém para preencher o espaço. Recebemos migalhas emocionais como se fossem banquetes, e, na pressa de sermos amados, acabamos aceitando menos do que merecemos.

 

Mas amor de sobra não significa excesso sufocante, nem amor que transborda descontrole. Significa presença real. Significa afeto que não se mede por conveniência. Amor de sobra é aquele que se faz sentir, mesmo sem ser anunciado. É aquele que escolhe estar, que cuida sem que precise ser pedido, que se doa sem parecer um sacrifício.

 

Aceitar as sobras de amor — aquele que chega quando tudo o mais já foi feito, aquele que responde por obrigação, aquele que se desculpa mais do que se entrega — é uma forma silenciosa de negar o próprio valor. É como sentar-se à mesa da vida esperando ser servido por último, quando se tem fome de alma, sede de reciprocidade.

 

Não é orgulho querer amor de sobra. É dignidade.

É entender que o coração não é lugar de restos, é templo.

Que sentimento não é favor, é troca.

Que quem ama de verdade, não deixa para depois.

 

Merecemos alguém que escolha ficar mesmo quando a rotina pesa.

Merecemos palavras ditas com o coração, e não por formalidade.

Merecemos gestos que não precisem ser implorados.

Merecemos constância, não apenas momentos bons.

E acima de tudo, merecemos amar a nós mesmos a ponto de não nos contentarmos com menos do que isso.

 

Porque quem se contenta com as sobras, esquece que nasceu inteiro.

E o amor, quando é de verdade, nunca chega atrasado, nem em pedaços.

Chega inteiro. E fica.

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