Há quem diga que se contenta com o suficiente. Que basta o mínimo, que se acomoda no raso, que não precisa de exageros. E, de fato, em muitas áreas da vida, o suficiente é um abrigo seguro: comida na mesa, um teto para dormir, uma palavra amiga em tempos difíceis.
Mas o amor… o amor não sabe o que é medida.
No amor, o suficiente é ausência. Porque quem ama de verdade não calcula sentimento, não divide presença, não dosa afeto. Quem ama quer mais — sempre mais — não por ganância, mas por transbordo. Porque amar é isso: ser demais. É não caber dentro de si. É desejar estar junto até quando já se está junto. É repetir o “eu te amo” mesmo quando ele já é sabido. É querer tocar o coração do outro com a alma inteira, mesmo que isso custe um pouco da nossa.
O amor se alimenta de infinitos: infinitos gestos, infinitas tentativas, infinitas formas de dizer a mesma coisa. Ele não se conforma com “o básico”. O amor é fome e é oferta ao mesmo tempo.
Quem ama não quer o suficiente. Quer o riso bobo, o silêncio confortável, o cheiro guardado na roupa, a espera na madrugada, o susto de um reencontro, o toque que acalma, a palavra que salva. Quer viver cada detalhe como se fosse o primeiro e o último.
Porque o suficiente é para quem vive com os pés no chão.
Quem ama… vive com os pés no outro.
E nesse terreno, só há espaço para infinitos.
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