Há um medo que não grita, mas pesa. Ele não assombra de imediato, nem aparece nas esquinas escuras da noite. Pelo contrário, é um medo silencioso, quase imperceptível — mas constante. É o medo de não viver a vida que a gente realmente deseja.
Quantas vezes adiamos nossos sonhos por achar que ainda não é hora? Quantas vezes escondemos nossas vontades para caber em moldes que nunca foram feitos para nós? Temos medo de fracassar, medo de sermos julgados, medo de não dar certo. E assim vamos adiando o que nos faz vibrar, enterrando a própria essência embaixo de desculpas elegantes.
O tempo, esse caminhante implacável, não espera nossa coragem amadurecer. Ele segue, firme, e leva com ele os dias que poderiam ter sido nossos. Quando percebemos, estamos presos numa vida confortável, mas vazia — onde tudo parece certo aos olhos dos outros, mas errado dentro do peito.
Talvez o maior erro seja acreditar que viver de verdade é uma escolha que pode ser adiada indefinidamente. Não é. Há um custo alto por não escutar o chamado do coração. E esse custo se chama arrependimento.
Viver com autenticidade é desafiador. Exige que enfrentemos nossos medos de frente, que arrisquemos tropeços e lidemos com a incerteza. Mas há uma alegria que só conhece quem ousa: a de se sentir inteiro. A de saber que, mesmo com medo, foi. Que tentou. Que não deixou a vida passar sem presença.
No fim, o medo de errar passa. O julgamento alheio se cala. A dor do fracasso cicatriza. Mas o peso de não ter tentado… esse pode durar uma vida inteira.
Por isso, que o medo de não viver grite mais alto que todos os outros. E que ele nos empurre, com coragem, na direção daquilo que faz o coração bater mais forte.
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