Há frases que atravessam séculos com a mesma força do primeiro dia.
A de Edmund Burke é uma delas:
“Para o triunfo do mal só é preciso que os bons não façam nada.”
Simples, direta, desconfortável.
Porque ela tira de cena os vilões caricatos e nos coloca, a todos, sob os holofotes da responsabilidade.
Não se trata apenas de quem pratica o mal — mas de quem se cala diante dele.
A gente aprendeu, ao longo da vida, a não se meter, a não arrumar confusão, a deixar pra lá.
“Cada um com seus problemas”, dizem.
Mas e quando o problema do outro ameaça se tornar o nosso amanhã?
E quando o mal cresce exatamente porque ninguém o enfrenta enquanto ainda é pequeno?
O mal não se alimenta apenas de ódio.
Ele sobrevive — e prolifera — no conforto da omissão, no pacto do silêncio, na desculpa da neutralidade.
E o que chamamos de neutralidade, muitas vezes, é apenas conivência disfarçada.
É claro que não dá pra abraçar todas as causas do mundo.
Mas alguma precisa nos atravessar.
Alguma injustiça precisa nos doer a ponto de nos levantar da cadeira.
Alguma dor alheia precisa fazer eco dentro de nós.
Fazer algo — ainda que pequeno — é resistir.
É dar testemunho de que a indiferença não tomou conta de tudo.
É lembrar ao mundo que os bons ainda existem… e que estão acordados.
A verdade é dura, mas necessária:
O mal só vence quando o bem se acomoda.
Quando os justos preferem o conforto à coragem.
Quando os olhos se desviam e os lábios se fecham.
Então, não basta apenas ser bom.
É preciso ser bom e ativo.
Bom e presente.
Bom e corajoso.
Porque a história já mostrou — vezes demais — que o silêncio dos bons costuma custar muito caro.
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