domingo, 15 de junho de 2025

O Silêncio dos Bons

Há frases que atravessam séculos com a mesma força do primeiro dia.

A de Edmund Burke é uma delas:

“Para o triunfo do mal só é preciso que os bons não façam nada.”


Simples, direta, desconfortável.

Porque ela tira de cena os vilões caricatos e nos coloca, a todos, sob os holofotes da responsabilidade.

Não se trata apenas de quem pratica o mal — mas de quem se cala diante dele.


A gente aprendeu, ao longo da vida, a não se meter, a não arrumar confusão, a deixar pra lá.

“Cada um com seus problemas”, dizem.

Mas e quando o problema do outro ameaça se tornar o nosso amanhã?

E quando o mal cresce exatamente porque ninguém o enfrenta enquanto ainda é pequeno?


O mal não se alimenta apenas de ódio.

Ele sobrevive — e prolifera — no conforto da omissão, no pacto do silêncio, na desculpa da neutralidade.

E o que chamamos de neutralidade, muitas vezes, é apenas conivência disfarçada.


É claro que não dá pra abraçar todas as causas do mundo.

Mas alguma precisa nos atravessar.

Alguma injustiça precisa nos doer a ponto de nos levantar da cadeira.

Alguma dor alheia precisa fazer eco dentro de nós.


Fazer algo — ainda que pequeno — é resistir.

É dar testemunho de que a indiferença não tomou conta de tudo.

É lembrar ao mundo que os bons ainda existem… e que estão acordados.


A verdade é dura, mas necessária:

O mal só vence quando o bem se acomoda.

Quando os justos preferem o conforto à coragem.

Quando os olhos se desviam e os lábios se fecham.


Então, não basta apenas ser bom.

É preciso ser bom e ativo.

Bom e presente.

Bom e corajoso.


Porque a história já mostrou — vezes demais — que o silêncio dos bons costuma custar muito caro.


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