Às vezes, a gente se pergunta por que está se sentindo tão mal. O dia amanheceu como qualquer outro, o café foi passado, o despertador tocou no horário, as tarefas foram cumpridas — mas tem algo ali, pendurado no peito, que pesa. Parece tristeza, mas nem sempre é.
Nem toda angústia tem a ver com o que sentimos por dentro. Às vezes, o que nos afunda é o que está ao redor: palavras mal ditas, olhares que nos diminuem, cobranças disfarçadas de conselhos, silêncios que gritam demais. Estamos cercados de barulhos que não nos pertencem, de pessoas que nos drenam, de situações que nos afastam de quem realmente somos.
A gente não está triste, está esgotado. Está tentando se adaptar a um lugar que não acolhe, tentando manter vínculos que já se romperam por dentro, fingindo estar bem em ambientes onde a alma já não cabe.
E isso dói. Dói porque, no fundo, a gente sabe. A gente sente. Mas segue fingindo que está tudo bem porque é mais fácil seguir no automático do que fazer as escolhas difíceis. Como se reconhecer o incômodo fosse, por si só, uma confissão de fraqueza. Mas não é.
Talvez o primeiro passo não seja entender a tristeza, e sim reorganizar o entorno. Cuidar das companhias, revisar os compromissos, escutar com mais carinho os próprios silêncios. Porque nem todo desconforto vem de dentro — às vezes ele é provocado por tudo aquilo que a gente insiste em manter por perto, mesmo já tendo perdido o sentido.
Não é tristeza. É alarme.
E como todo alarme, ele não veio pra nos paralisar. Veio pra nos acordar.
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