Às vezes, os sinais são tão claros… que cegam. E, por mais contraditório que isso pareça, faz um sentido dolorosamente exato.
Quantas vezes a vida acena, pisca, grita, desenha setas no chão — e a gente simplesmente não vê? Talvez por não querer. Talvez por medo de aceitar o que, no fundo, já sabemos. O amor que esfriou, a amizade que se perdeu, o emprego que já não faz mais sentido, a rotina que pesa mais do que soma.
O curioso é que, quando queremos muito algo, nossos olhos aprendem a desfocar. Fazemos de conta que não é com a gente. Nos tornamos mestres em inventar desculpas, justificativas e até milagres que nunca chegam. Porque aceitar o que é — às vezes — dói mais do que fingir que não vemos.
E, no entanto, os sinais continuam ali. Claros. Evidentes. Batendo na nossa porta, bagunçando nossos pensamentos, apertando aquele cantinho do peito que insiste em ignorar. Até que, em algum momento, a vida nos coloca no colo, olha bem nos nossos olhos e sussurra — ou berra, se for preciso: “Ei… você sabe.”
E sim, no fundo, a gente sempre sabe. A gente sente. A gente percebe. Só falta, então, aquela dose de coragem que nem sempre se vende na farmácia da esquina: a de aceitar, mudar, partir ou recomeçar.
Porque os sinais não falham. Quem falha, às vezes, somos nós, quando fingimos não enxergar aquilo que a vida grita em silêncio bem na nossa frente.
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