(Poema lírico-reflexivo)
Somente o hoje.
Sem o eco das culpas de ontem,
sem as sombras que voltam em sonhos,
sem o fio cortante da memória
a sangrar o agora.
Somente o hoje.
Sem o véu trêmulo do que virá,
sem promessas de um tempo perfeito,
sem mapas, sem bússola,
apenas o chão que meus pés tocam.
É aqui que respiro.
É aqui que pulsa a vida.
O instante entre o silêncio e a palavra,
entre o passo que parte
e o que decide ficar.
Deixa que o ontem descanse,
que seja rio que corre e não prende.
Deixa que o amanhã se escreva sozinho,
sem que eu o dite com medo.
Porque é no hoje —
nesse breve, profundo e inteiro agora —
que mora o milagre,
que floresce o gesto,
que pulsa o coração sem disfarce.
Somente o hoje.
E que ele baste.
Porque, por vezes,
é tudo o que temos
e tudo o que precisamos.
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