segunda-feira, 16 de junho de 2025

Somente o Hoje

(Poema lírico-reflexivo)


Somente o hoje.

Sem o eco das culpas de ontem,

sem as sombras que voltam em sonhos,

sem o fio cortante da memória

a sangrar o agora.


Somente o hoje.

Sem o véu trêmulo do que virá,

sem promessas de um tempo perfeito,

sem mapas, sem bússola,

apenas o chão que meus pés tocam.


É aqui que respiro.

É aqui que pulsa a vida.

O instante entre o silêncio e a palavra,

entre o passo que parte

e o que decide ficar.


Deixa que o ontem descanse,

que seja rio que corre e não prende.

Deixa que o amanhã se escreva sozinho,

sem que eu o dite com medo.


Porque é no hoje —

nesse breve, profundo e inteiro agora —

que mora o milagre,

que floresce o gesto,

que pulsa o coração sem disfarce.


Somente o hoje.

E que ele baste.

Porque, por vezes,

é tudo o que temos

e tudo o que precisamos.

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