No deserto, onde tudo arde,
e a esperança seca no chão,
vive o cacto — firme, calado —
guardando em si a solução.
Não reclama da falta de chuva,
não inveja o verde ao redor.
Aprendeu, em silêncio e coragem,
a ser inteiro mesmo só.
Enquanto outras plantas tombam
com sede, medo e calor,
ele sustenta-se por dentro,
com paciência e com fervor.
Não é por ter mais que resiste,
mas por saber conservar.
Não desperdiça o essencial,
não vive a se comparar.
Assim também é a vida:
nem sempre vem fácil ou leve.
Mas quem aprende a florir por dentro,
não se dobra quando a alma embaça e a fé treme.
Ser cacto é ser sabedoria,
é transformar escassez em raiz.
É entender que, mesmo em terra dura,
há um jeito de ser feliz.
E se um dia tudo for deserto,
lembre-se — com simplicidade:
floresce quem, mesmo na seca,
carrega dentro a eternidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário