Eu não quero que a minha vida seja só sobre dar conta de tudo.
Essa palavra — tudo — carrega um peso invisível, uma cobrança silenciosa, um cansaço que se instala aos poucos, feito poeira que se acumula onde a gente nem vê.
Dar conta do trabalho, da casa, das contas, do corpo, das redes sociais, das expectativas dos outros e, no tempo que sobrar — se sobrar — de nós mesmos.
Dar conta da felicidade, da produtividade, da organização emocional, do sono, da dieta, da aparência, da vida que disseram que deveríamos ter.
Mas tudo é muita coisa.
E ninguém deveria se sentir fracassado por não conseguir abraçar o mundo com os dois braços.
Talvez o erro esteja justamente aí: tentar caber em um ideal de perfeição que nunca foi humano.
O nome disso não é responsabilidade — é exaustão.
É transformar a vida num campo de prova contínuo, como se estivéssemos sempre prestes a ser reprovados por algo que nem pedimos pra ser testados.
A verdade é que dar conta de tudo é impossível.
E, mais do que isso, não é necessário.
A vida não exige perfeição.
Ela pede presença.
Cuidado.
Intenção.
Quero dar conta do que me nutre, não do que me esvazia.
Quero viver com pausas, com desvios, com espaço pra não saber o que fazer.
Quero uma vida que não me cobre um desempenho constante, mas me convide à leveza.
Porque no fim, o que importa não é ter dado conta de tudo.
É ter vivido de verdade — com alma, com falhas, com afeto.
E isso…
já é muito.
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