Creio, sem sombra de dúvida, que uma forma de felicidade é a leitura. E não digo isso como quem cita um hábito nobre ou uma atividade intelectual. Digo com a alma de quem já se sentiu acolhido por uma página em branco preenchida com verdades que, até então, eu não sabia que precisava ouvir.
Ler é, muitas vezes, encontrar abrigo. É descobrir que alguém, em algum lugar do tempo, colocou em palavras aquilo que você sempre sentiu, mas nunca conseguiu nomear. E que alívio é esse — saber que não se está só. Que nossas dores e sonhos, por mais singulares que pareçam, ecoam em outros corações.
A leitura nos oferece uma liberdade que a realidade, por vezes, nega. Nos permite viver muitas vidas dentro da nossa. Visitar cidades que não existem nos mapas, chorar por personagens que nunca veremos e sorrir com histórias que, mesmo ficção, são mais reais que o cotidiano.
Não há julgamento no silêncio de um livro. Ele não exige aparência, nem respostas prontas. Ele apenas se abre, e convida. Quem lê, não apenas observa o mundo — aprende a senti-lo.
Num mundo acelerado, onde o brilho das telas disputa nossa atenção segundo a segundo, ler se tornou um ato quase de resistência. E talvez por isso, uma forma de felicidade ainda mais valiosa.
Porque quem lê desenvolve uma escuta interna. Aprende a conversar consigo mesmo, a refletir, a questionar. Descobre novos mundos, mas também revisita suas próprias paisagens.
E o que é a felicidade, senão isso? Um lugar onde a gente se reconhece e se renova ao mesmo tempo.
Então sim — creio que uma forma de felicidade é a leitura.
Simples, silenciosa, profunda.
Como tudo o que, de fato, nos transforma.
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