Quero o teu olhar
na paisagem serena dos meus,
num encontro de mundos tão seus,
onde o tempo desacelera
e o amor se revela entre véus.
Num olhar que me transporta aos céus,
feito asas em plena entrega,
onde a alma se despe sem medo,
e tudo que é vago sossega.
Janelas abertas onde o amor entoa,
melodia doce lançada ao vento,
ecoando nas frestas do tempo,
tocando fundo — sem pressa, sem mágoa,
apenas sentimento.
Teu olhar me lê
para além do que se mostra,
desvenda em mim o que até eu escondia,
faz morada onde ninguém ousou entrar,
e me acolhe sem pedir poesia.
Sem neblina, sem véu,
tua presença traça em mim um novo céu,
verso a verso, estrela a estrela,
como quem pinta auroras
em um coração que antes só via o breu.
Enquanto aguardo o luar,
me embalo na memória do teu olhar,
feito farol, feito lar,
feito silêncio que sabe amar.
E quando a noite enfim se acende,
eu me encontro no brilho do teu piscar,
como um astro no céu a cintilar —
não porque busca ser visto,
mas porque nasceu para iluminar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário