A pior miopia não é a dos olhos.
É aquela que habita a alma.
Aquela que faz a pessoa olhar, mas se recusar a ver.
Ver exige coragem.
Ver de verdade é um ato de enfrentamento — com o outro, com o mundo e, principalmente, consigo mesmo.
Porque a verdade, quase sempre, incomoda.
Ela tira máscaras, desmonta narrativas, desafia crenças.
A verdade é crua.
E, às vezes, cruel.
É por isso que tanta gente opta pela miopia conveniente.
Preferem a imagem embaçada à nitidez do real.
Fecham os olhos diante da injustiça.
Desviam o olhar da dor alheia.
Ignoram o espelho por medo do reflexo.
E assim vão vivendo…
Negando o óbvio, maquiando as rachaduras, vestindo discursos prontos para não encarar as perguntas difíceis.
Afinal, admitir a verdade exige movimento.
Exige mudança.
E mudar dá trabalho.
Mas há um preço alto por não ver.
Corações se endurecem.
Relacionamentos adoecem.
Sociedades inteiras afundam quando a maioria se contenta com o que é cômodo — e não com o que é justo.
Enxergar é mais que um ato biológico.
É uma escolha ética.
É estar disposto a sentir o peso da realidade e, ainda assim, continuar caminhando.
Com mais consciência.
Com mais empatia.
Com mais verdade.
Porque no fim, não há lente no mundo que corrija a miopia de quem insiste em não querer ver.
E não há liberdade possível onde a verdade é constantemente evitada.
Ver é o primeiro passo para transformar.
E só transforma quem enxerga com a alma aberta.
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