domingo, 15 de junho de 2025

O Silêncio que Mora no Abraço

Clarice, com sua sensibilidade afiada, disse o que muitos de nós sentimos, mas nem sempre conseguimos traduzir:

“Me abrace, que no abraço mais do que em palavras, as pessoas se gostam.”


E é verdade.

Há afetos que não cabem na linguagem.

Há sentimentos que escapam das palavras e encontram morada no gesto, no toque, na presença inteira de um abraço.


Um abraço sincero não explica — acolhe.

Não resolve — ampara.

É como dizer “estou aqui” sem precisar dizer nada.

É uma linguagem muda, mas infinitamente expressiva.

É o corpo dizendo o que a alma sente.


Num mundo tão ruidoso, cheio de discursos, postagens, respostas automáticas e falas ensaiadas, o abraço é um intervalo de verdade.

É um momento de pausa onde duas pessoas se encontram de fato — pele, calor, silêncio e sentimento.

Sem pressa. Sem medo. Sem máscaras.


Muitas vezes, é no abraço que a dor alivia, que o amor se reafirma, que a saudade se aquieta.

É ali, naquele instante breve e eterno, que tudo o que parecia complicado se torna simples: gostar de alguém é estar junto.

E estar junto, de verdade, começa com um abraço.


Por isso, abrace mais.

Mesmo sem motivo, mesmo sem palavras.

Porque tem coisa que só o coração entende — e o abraço fala fluentemente essa linguagem.

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