Nem todos os dias são bons — e isso é verdade demais pra ser ignorada.
Há dias que começam com o despertador atrasado e terminam com a sensação de que o mundo esqueceu de ser gentil. Dias em que tudo parece sair do lugar: o humor, os planos, as certezas. A gente tropeça em silêncio, engole o choro no meio do expediente, finge força quando só queria colo.
Mas há algo bom em cada dia.
Ainda que pequeno, escondido, quase invisível.
Talvez seja o café quente que nos acolhe logo cedo, ou aquela mensagem inesperada de alguém que lembra que a gente existe. Pode ser o riso solto de uma criança na rua, um pôr do sol que pinta a cidade de laranja, ou um silêncio que finalmente não pesa.
O problema é que estamos tão acostumados a buscar grandes alegrias, que esquecemos de notar os pequenos respiros. Esperamos que o “bom” venha em forma de grandes vitórias, quando às vezes ele é só o fato de termos atravessado o dia.
A vida não é feita só de conquistas.
Ela também se constrói no meio do caos, no improviso, no “foi o que deu pra hoje”.
E reconhecer o bom dentro do difícil é, acima de tudo, um ato de resistência.
Vivemos tempos em que o cansaço virou rotina, a pressa virou padrão, e a comparação constante nos faz acreditar que estamos sempre atrás. Mas não estamos.
Estamos apenas vivendo — com tudo o que isso implica. E viver, às vezes, é isso mesmo: encontrar um ponto de luz no meio do breu. Um suspiro no meio do sufoco.
Nem todo dia será digno de memória, mas todos eles carregam algo que vale a pena guardar.
É preciso sensibilidade para perceber.
E um pouco de coragem para não se deixar endurecer.
Porque, no fim, o que nos sustenta não são os dias perfeitos, mas os pequenos bons que resistem dentro de cada um deles.
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