“Sou viajante e navegador. Todos os dias descubro um novo continente nas profundezas de minha alma.”
— Khalil Gibran
Há viagens que não se fazem de mala na mão, passaporte no bolso ou passagem marcada. São jornadas silenciosas, invisíveis aos olhos do mundo, mas imensas por dentro. São travessias que acontecem no escuro, enquanto o coração aprende a nomear seus sentimentos e a mente tenta mapear os labirintos da própria existência.
Navegar por si mesmo é talvez a viagem mais corajosa que alguém pode empreender.
Descobrir um novo continente dentro da alma não é tarefa fácil. Exige paciência para suportar tempestades internas, coragem para encarar sombras que evitamos por anos, e delicadeza para reconhecer as pequenas luzes que acendem aqui e ali, revelando novos territórios de sensibilidade, perdão e aceitação.
Às vezes, a alma se apresenta como um arquipélago: ilhas de memórias, vulcões de dor, praias de esperança. Em outras, parece um oceano revolto, onde é difícil ancorar ou encontrar direção. Mas, com o tempo, vamos reconhecendo sinais, estrelas-guia, portos seguros dentro de nós.
Cada descoberta interna é como encontrar terra firme num mundo que julgávamos perdido.
E quanto mais navegamos, mais entendemos que os verdadeiros continentes não estão no mapa — estão nos espaços que cultivamos entre o sentir e o compreender.
Entre o que fomos e o que estamos nos tornando.
A alma é vasta, inacabada.
E o que hoje parece deserto, amanhã pode florescer.
Então seguimos — viajantes de nós mesmos —
porque no fundo sabemos:
há sempre mais para descobrir quando se tem coragem de mergulhar.
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