O que pode ser mais forte que o coração da gente que se quebra em tantas partes e ainda bate?
Ela sentou-se à beira da cama, segurando uma xícara de chá que já esfriava em suas mãos. O silêncio da noite era cortado apenas pelo som compassado do próprio coração — esse velho companheiro, tantas vezes partido, mas sempre insistente em continuar.
Pensou em tudo o que havia vivido.
Nas despedidas que não escolheu, nas palavras que doeram mais do que deveriam, nas ausências que o tempo não curou.
Se perguntava, com certa incredulidade: como é que esse coração ainda bate?
E então se deu conta.
Não é que ele nunca tivesse se quebrado.
Ele se partiu tantas vezes, em tantos pedaços, que já nem sabia ao certo qual era sua forma original.
Mas algo dentro dela — uma espécie de força que não vinha dos músculos, nem da razão — sempre dava um jeito de juntar os cacos e seguir.
Porque o coração, por mais frágil que pareça, tem uma capacidade absurda de recomeçar.
De bater com medo, com dor, com saudade… mas ainda assim, bater.
Corações fortes não são os invulneráveis.
São os que, mesmo cansados, continuam abertos à vida.
Os que não deixam que as cicatrizes endureçam os sentimentos.
Os que preferem correr o risco de sentir, a viver anestesiados.
Naquela noite, ela entendeu.
Seu coração era feito de recomeços.
E isso, mais do que qualquer outra coisa, era sua maior força.
. . .
Nenhum comentário:
Postar um comentário