“Porque amar, às vezes, é reaprender a confiar — primeiro em si.”
Algumas semanas se passaram desde aquela noite silenciosa.
Ela continuava com a rotina de sempre — acordava cedo, organizava a casa, respondia mensagens, fingia que estava tudo bem.
Mas havia algo diferente.
Não no mundo lá fora, que seguia com seus ruídos e pressas.
Mas dentro dela… um espaço antes ocupado por medo agora começava a ser preenchido por uma espécie de coragem quieta.
Ela estava reaprendendo a sorrir. Não aquele sorriso automático de cortesia, mas um sorriso de dentro. Um sorriso de quem não tem todas as respostas, mas escolhe continuar fazendo perguntas.
E um dia, sem planejar, olhou seu reflexo no espelho e não desviou o olhar.
Fazia tempo que não se reconhecia assim — inteira na sua imperfeição.
Não era mais a mesma que se partiu.
Era uma versão que sabia onde doía e, por isso mesmo, sabia onde cuidar.
E isso mudou tudo.
Naquela tarde, ao caminhar pela rua, sentiu o vento tocar seu rosto.
Um gesto simples, mas que veio como lembrança: a vida ainda está acontecendo.
E o coração, mesmo depois de tantos pedaços recolhidos, seguia batendo — agora com mais verdade, com mais calma, com mais dela mesma.
Recomeçar não era sobre esquecer o que passou.
Era sobre seguir em frente levando o que importava: a força de continuar amando, mesmo sem garantias.
E talvez, pensou ela, isso fosse o mais bonito de tudo.
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