quarta-feira, 18 de junho de 2025

💘Coração de Recomeços: Parte III (CONTO)

“Às vezes, tudo que a gente precisa é desacelerar por dentro.”

Aurora sempre teve pressa.

Pressa de sarar, de resolver, de provar para si mesma que estava bem.

Como se a dor viesse com prazo. Como se o coração obedecesse relógio.

Mas naquela manhã, algo a fez parar.

Talvez tenha sido o cheiro do café recém-passado.

Ou o barulho da chuva fina no telhado.

Ou, quem sabe, a ausência de barulho dentro dela.

Era como se, pela primeira vez em muito tempo, o mundo lá fora não estivesse exigindo nada.

Ela caminhou até a janela e ficou ali.

Sem celular, sem pensar no que viria depois. Só… presente.

Foi então que entendeu: cura não é um evento. É um processo.

E mais do que isso — é um gesto de gentileza com o próprio tempo.

Nos últimos meses, ela vinha se cobrando por ainda sentir.

Como se estivesse atrasada para a própria vida.

Mas quem foi que disse que sentir é sinal de fraqueza?

Quem foi que ensinou que a dor tem que passar rápido?

Aurora percebeu que o que precisava não era seguir em frente a qualquer custo, mas se permitir ficar onde estava — por um tempo.

Respirar ali.

Acolher o que sentia.

E só depois… seguir.

Porque às vezes, a força está exatamente nisso: em não correr para fingir que está tudo bem, mas em ficar, com coragem, onde ainda dói — até que comece a doer menos.

E assim, sem pressa, sem cobrança,

Aurora fez um acordo silencioso com a própria alma:

“Eu não vou me apressar. Eu vou me cuidar.”

. . .

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